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Crítica de Filme: Coringa

Por André Zenobini


Perturbador, é assim que posso definir o sentimento ao assistir a versão mais profunda de “Coringa” que está em cartaz nos cinemas mundiais. O filme solo do antagonista do Batman é uma mistura de sentimentos durante suas duas horas de duração. O filme explora a loucura e a depressão de uma maneira única, sem contar nas inúmeras críticas ao sistema americano de saúde.



O filme é ambientado na conhecida Gotham City. Uma grande cidade largada no caos da corrupção e do tráfico de drogas. O filme nos conta uma história anterior ao dia do assassinato dos pais de Bruce Wayne, o que já é por si só bastante interessante. Arthur Fleck, um palhaço de uma agência de talentos, obrigado a semanalmente ir a uma agente social.


A primeira coisa a se dizer é o brilhantíssimo trabalho de Joaquim Phoenix no papel principal. Fui bastante cético a sua indicação como o Coringa, mas seu trabalho é brilhante, e na história recente fica ao lado de Heath Ledger como as melhores adaptações do vilão. No desenrolar da história, Fleck sofre as mais diversas humilhações durante o seu trabalho, o que influência e muito em sua condição psicológica.


Ao longo do filme, os delírios vão aumentando. Sem um sistema de saúde decente, ele questiona a agente social “Você está realmente me ouvindo?”. A partir daí, a perda do emprego só piora a situação aliada a uma frustrada tentativa de mudança de carreira resultam nas fortes dores de seu personagem. Então, o filme conhece a loucura e entra na mente do personagem principal.


As várias mortes cometidas, o sangue frio do personagem em determinados momentos aliados a uma interpretação perfeita, conseguem transmitir ao telespectador o sentimento daquela tensão interminável do personagem. Sua elevação a condição de ícone do movimento contra elite, até o ápice de seu ato em frente as câmeras de televisão, se tornam uma das melhores sequências do ano.


Claro, que há de se pensar o Coringa aliado ao seu Batman e talvez essa seja a parte mais intrigante do filme. Ele se passa no mesmo momento dos assassinatos dos pais de Bruce, a cena fatídica, inclusive, está presente. O que torna muito complicado ser este Coringa o mesmo que atormenta o Cavaleiro das Trevas mais a frente.


Não tenho gostado muito de diretores contando rumos e explicando situações que acontecem nas telas, mas essa foi uma das afirmações do diretor Todd Phillips, de que talvez, o Coringa retratado no filme não sejam a mesma pessoa do antagonista do Batman. É uma proposta interessante, já que faria do Coringa do filme como um símbolo imitado por outras pessoas futuramente.


O caso é que cinematograficamente, Coringa é um filme incrível que tem feito jus aos recordes de bilheteria que vem alcançando. Não é um filme para qualquer um, é preciso entender que ao sentar-se no cinema estará frente a frente com a loucura. Uma verdadeira viagem ao lado obscuro de Gotham City.

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